quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Aprendendo a dar mais valor a prevenção, depois de sofrer o acidente.

Nada melhor do que aprender com os nossos próprios erros, principalmente porque isto significa que a falha cometida não foi fatal. Mas, nem sempre todos têm a segunda chance para fazer as coisas direito.
   Confesso que só usava cinto de segurança nos veículos porque era obrigatório e eu não queria prejudicar o condutor, meu amigo, com uma multa de trânsito seguida de pontos na carteira de habilitação.   Do ponto de vista racional, sabemos que esta atitude pode salvar nossas vidas, mas, numa visão geral, e tentando nos livrar dos maus pensamentos, preferimos imaginar que os acidentes nunca vão acontecer conosco.

   Tudo começou quando estava saíndo de casa para uma entrevista de emprego e aproveitei a carona do meu esposo que estava indo para o trabalho. Tomamos  o veículo com um jovem que dirigia apressadamente para o nosso destino e não havia nenhum cinto de segurança nos bancos traseiros.
   Estávamos conversando e confiando no condutor até que ele atravessou um cruzamento com o semáforo apresentando-se vermelho para nós. Em seguida, vi um carro branco que atravessou repentinamente o nosso caminho e tentei proteger o meu rosto com os braços. 
   Antes que desse tempo de levantá-los, o meu rosto já havia se chocado na grade de ferro que separa os passageiros do condutor - modelo típico de algumas pequenas carruagens com capacidade para três pessoas chamadas "mototáxis", que trafegam nas províncias do Peru - e o meu corpo já havia retornado ao banco.
   Seria uma quarta-feira comum se eu não estivesse vendo um acidente acontecer comigo no papel de vítima e não de leitora ou observadora, presenciando o momento em que o condutor se arrasta para o asfalto como um lagarto, sem forças para ficar de pé.
   Passei a mão no nariz para conferir se eu ainda possuía um, mas, graças a Deus, ele ainda estava ali.
   Além do meu nariz, minhas mãos puderam sentir o sangue escorrer pelo meu rosto e logo fui despertada do transe pela voz do meu esposo perguntando se eu estava bem.
   Ele me conduziu rapidamente para fora do moto-táxi e seguimos em outro veículo para uma emergência. Impressionante como outros veículos tem resistência em levar um ferido para um hospital, mas Deus sempre envia os seus anjos.
   Ganhei, neste dia, um corte superficial na parte superior do nariz,  inchação e arroxeamento na face - nas partes que sofreram a pancada na grade - e um arranhão. Também uma suspeita de fratura nasal a ser confirmada depois de dois dias de antibióticos injetáveis e nova realização de Raio X.
   Na saída da emergência, tomamos um táxi de verdade. E, para nossa surpresa, o cinto de segurança do banco traseiro estava quebrado.
   Agora, mais do que antes, percebo como faz diferença uma boa fiscalização de trânsito e multas severas para os veículos que não estão com todos os equipamento de segurança em ordem. Também multando quando os passageiros não seguem as normas de segurança de trânsito.
   Há ainda muitas pessoas que reclamam dizendo que as leis de trânsito são radicais e as multas, um abuso de autoridade.
   Mas, principalmente quando passamos por uma trágica situação, nos damos conta que as leis não foram criadas por acaso e muitos só mudam de atitude quando sentem as consequências no próprio bolso. São estas leis que nos salvam a vida e, também, das pessoas que amamos.
   As rígidas leis diminuíram o número de mortes e acidentes de trânsito em vários países do mundo, além de impedir que muitas pessoas fiquem incapazes para o resto de suas vidas depois do impacto.
   É bom pensar nisso enquanto temos chance. O momento do acidente é imprevisível e rápido demais, muitas vezes, sem oportunidade de mudar de atitude.
Um pouco de realidade e uma boa dose de precaução pode mudar o destino de muita gente.

Um comentário:

  1. Graças a Deus não aconteceu nada de mais sério com você, Mércia.
    Realmente só aprendemos a dar valor a certas medidas de segurança quando nos ocorre algum problema.

    ResponderExcluir